Os dados mostram municípios em que a presença de substâncias está acima do limite tolerado.
Dados do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, apontam a presença de substâncias químicas prejudiciais à saúde na água de 21 cidades da região. Em Rio Preto, foi constatada a presença de níquel e mercúrio. Algumas substâncias são apontadas como cancerígenas.
O relatório foi elaborado pela Repórter Brasil, a partir de amostras coletadas entre os anos de 2018 e 2020 e fornecidas ao Sisagua pelas empresas responsáveis pelo abastecimento hídrico no municípios. Os dados mostram municípios em que a presença de substâncias está acima do limite tolerado. Em todo o País, 793 cidades estavam com presença acima do limite.
Em nove dos municípios pesquisados foi constatada a presença de cromo. O geólogo Carlos Eduardo Pacheco Cardoso acredita que a contaminação da água deve ser decorrente da falta de manutenção dos tanques subterrâneos dos postos de combustíveis.
“O cromo que está presente em combustíveis podem atingir as fontes de água. Por isto, há necessidade de fiscalização rígida nestes estabelecimentos, principalmente naqueles fechados, que por falta de cuidado podem prejudicar o meio ambiente”, alerta o geólogo.
Em amostras de quatro cidades da região foram encontradas a substância nitrato, o que pode ser decorrente do uso exagerado de fertilizantes de solo para agricultura, diz o especialista. Outra fonte de contaminação pode ser a falta de manutenção de cemitérios.
Para Carlos Eduardo, é preocupante o encontro de níquel e mercúrio nas amostras de águas de Rio Preto, porque são substâncias que não são facilmente encontradas em áreas urbanas. “A gente encontra muito mercúrio em rios próximos a regiões de garimpo de ouro. É altamente prejudicial à saúde. Não se pode nem comer peixes nestas regiões. Em Rio Preto, é necessário que a empresa de fornecimento de água faça uma pesquisa minuciosa para identificar as fontes destes produtos”, diz.
Carlos Eduardo diz que é necessário saber qual o tipo de mercúrio encontrado, o que pode ajudar a descobrir a fonte de contaminação. A exposição prolongada ao mercúrio afeta os rins e pode alterar o tecido testicular, aumentar as taxas de reabsorção e gerar anomalias no desenvolvimento.
A embriologista clínica e diretora de laboratório do Centro de Reprodução Humana de Rio Preto, Ligia Previato, alerta para riscos à saúde. “Todas essas substâncias químicas, incluindo os metais pesados, são prejudiciais à nossa saúde, chamamos essas substâncias de xenobióticos. Eles atuam diretamente na parte endócrina, neurológica, imunológica e reprodutiva”, afirma.
Posição
O Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto de Rio Preto (Semae) nega a presença de níquel e mercúrio na água. “O Semae reforça que a água distribuída à população de São José do Rio Preto é segura e atende a todas as exigências da legislação, o que garante sua potabilidade”, informou o Semae.
Parte das cidades da região não forneceu dados ao Sisagua.
Os dados
O mapa foi feito com resultados de testes das empresas e instituições responsáveis pelo abastecimento de água nas cidades
Os dados integram a base de controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o Sisagua, do Ministério da Saúde.
Foram divididos dois grupos de periculosidade pela Repórter Brasil, que fez o mapa, com base nas classificações dadas a cada substância pelos órgãos reguladores mais reconhecidos do mundo, como a OMS
Cidades com detecções acima do limite de segurança na água entre 2018 e 2020
Rio Preto
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: NÍQUEL
- Substância que também gera riscos à saúde: mercúrio
Cajobi
- Substância que também gera riscos à saúde: Ácidos haloacéticos total e Trihalometanos Total
General Salgado
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
Ibirá
- Substância que também gera riscos à saúde: Ácidos haloacéticos total
José Bonifácio
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
Mendonça
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
- Substância que também gera riscos à saúde: bário
Meridiano
- Substância que também gera riscos à saúde: bário
Mirassol
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
Mirassolândia
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
- Substância que também gera riscos à saúde: bário
Nova Aliança
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
Olímpia
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
- Substância que também gera riscos à saúde: bário e urânio
Palestina
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: NITRATO
- Substância que também gera riscos à saúde: mercúrio
Pereira Barreto
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: NITRATO
Pirangi
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: SELÊNIO
- Substância que também gera riscos à saúde: Trihalometanos Total
Potirendaba
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
Rubineia
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: NITRITO
Santa Adélia
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: 2, 4, 6 TRICLOROFENOL
- Substância que também gera riscos à saúde: Ácidos haloacéticos total e Trihalometanos Total
Santa Fé do Sul
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO E CLORETO DE VINILA
Severínia
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: NITRATO
- Substância que também gera riscos à saúde: antimônio
Ubarana
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: ARSÊNIO
Votuporanga
- Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer: CROMO
- Substância que também gera riscos à saúde: Trihalometanos Total
Veja de onde vêm algumas substâncias
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